_ Um não sabia voar, o outro não sabia miar...
Ao começar a contar esta história assim a sala se fez silenciosa.
Algumas daquelas crianças não estavam familiarizadas com passarinhos e gatos. Elas viam estes animaizinhos nas ruas, nos parques. Outras, porém tinham em suas casas gatos e passarinhos domesticados. Ou então, tinham um ou outro.
Uma criança, mais espertinha, levantou a voz e disse:
_ É como no desenho do ‘’Piu-piu e do Frajola” esta história?! – todos sorriram e eu tive que sorrir junto.
Para se contar uma estória precisamos ir além das palavras. Precisamos abrir janelas e corações porque dentro deles é que as crianças e gentes guardam as suas lembranças e memórias.
_Sim! Eu respondi e retornei à estória.
Eram muito parecidos ao ‘Piu-piu’ e ao ‘Frajola’ só que eles viviam soltos e pelo lado de fora da casa.
Todos os dias, pela manhã o passarinho cantava à janela e aquele canto despertava o morador que sabia ouvir aquele canto. Era do ‘sabiá-laranjeira’... Mas havia muitos outros pássaros ao redor da casa. Bem-te-vis, camacitas, canários-da-terra... e um gato. O malhado...
Acordado, o José ia fazer o café. E a Maria, às vezes era ela quem fazia o café... Pedrinho e Mariana acordavam depois do café feito.
O José saia ao quintal e dava ao sabiá-laranjeira um pouco do desjejum matinal... Frutas e um pouco de ração em cima de tronco que servia de gamela e poleiro ao mesmo tempo...
O Malhado, por sua vez, já tinha dado seu miado de bom dia e ganhado sua porção de leite e a ração, viria depois... Ele sabia disso.
Mariana e Pedrinho acordaram e tomaram o café que já estava prontinho... Na cabeça de um e de outro a impressão que se tinha era que tudo estava sempre pronto e no lugar. Que viver era só pegar... mas não é assim e eles iam aprendendo devagarinho com os pais o que a Vida apresentava... Sabiam que tinha hora de chorar, de rir, de brincar e de irem para a escola.
Arrumaram-se e ao sair deram de cara com o Malhado de olho no sabiá... e que ele se aproximava sorrateiramente ao pé do poleiro.... e ficaram observando um instante.
Talvez o Malhado estivesse com fome... e caçando.
Num bote, o Malhado, saltou sobre o poleiro e o sabiá voou para cima da árvore, com a mesma esperteza e velocidade... Eles riram do Malhado...
Como todo e bom gatinho, ele fez uma carinha de ‘tô nem aí’... deu uma miada para a Maria que abriu a porta com a ração do dia...
Pedrinho e Mariana foram para a escola e perceberam porque o gato mia e o passarinho voa.
Cada um vive com o que Deus lhe deu.
Autor: Ricardo Oliveira
Fonte: http://aquisoentramgatos.blogspot.com.br
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